Logo no começo da minha caminhada
observei um grafite no muro que dizia: “Ufa!!! Passei para UFF”. A expressão de
alívio nos mostra o quanto é difícil ingressar numa universidade pública, pois
os estudantes têm de passar pelo complicado processo do vestibular, o qual veta
da universidade os candidatos de origem pobre e que passaram por uma educação
básica de péssima qualidade, oferecida pelos governos de todos os níveis.
Caminhei mais alguns metros e vi
alguns prédios em construção, obras todas atrasadas. São os prédios do REUNI,
"contra-reforma" que precariza o ensino superior e se traduz em salas
de aulas superlotadas, falta de assistência estudantil, etc. Compreendi que meu
entendimento sobre o atraso das obras e sobre o REUNI vêm das minhas
experiências anteriores de luta no movimento estudantil e dos estudos que fiz
sobre o decreto da "reforma" universitária. Fica claro que o nosso
ponto de vista é influenciado por nossas vivências.
Depois de observar os prédios, o
meu olhar se dirigiu para o Bandejão e seu aspecto precário, mas que, apesar de
tudo, ainda mantém e forma muitos trabalhadores. Outra observação importante
foi a de uma barraca de camping com um cartaz que dizia: “queremos
alojamento!”. Me surgiu a pergunta que que reitor nenhum gosta de responder:
por que não é prioridade da reitoria ter assistência estudantil na
universidade? Caminhei mais alguns metros e vi os trabalhadores terceirizados
da portaria, uma outra pergunta me veio: por que eles não são trabalhadores
efetivados, servidores públicos com direitos assegurados?
Terminando minha caminhada
observei a área esportiva da UFF, onde poucas pessoas utilizavam o espaço.
Outro 'porquê' veio à minha cabeça: por que é que o governo não incentiva a
utilização do espaço pela população? Certamente porque a privatização da
universidade fica mais fácil com a exclusão da população. Por fim, passei
novamente pelos grafites no muro e pensei numa outra expressão que certamente é
repetida pelos filhos da classe trabalhadora na sua formatura: “Ufa!!! Me
FORMEI na UFF”. Porque sem assistência estudantil, com privatização dos
espaços, etc., fica muito difícil a permanência na universidade!
Thiago Coqueiro Mendonça
(estudante)