sexta-feira, 8 de junho de 2012

Passeio pela UFF



A sociedade capitalista nos coloca em movimentos tão rápidos que nem nos sobra tempo de analisar alguns pequenos detalhes a nossa volta. Alguns arquitetos alertam para o fato de que as construções de prédios estão cada vez mais retas, já que a população não tem mais tempo de admirar os detalhes do desenho feito pelo arquiteto, planejado pelo engenheiro e erguido pelo operário. Inquieta, uma  professora da UFF propôs aos seus alunos um  passeio pelo campus do Gragoatá e, com olhar curioso, observar aquilo que mais nos chama a atenção.

Logo no começo da minha caminhada observei um grafite no muro que dizia: “Ufa!!! Passei para UFF”. A expressão de alívio nos mostra o quanto é difícil ingressar numa universidade pública, pois os estudantes têm de passar pelo complicado processo do vestibular, o qual veta da universidade os candidatos de origem pobre e que passaram por uma educação básica de péssima qualidade, oferecida pelos governos de todos os níveis.

Caminhei mais alguns metros e vi alguns prédios em construção, obras todas atrasadas. São os prédios do REUNI, "contra-reforma" que precariza o ensino superior e se traduz em salas de aulas superlotadas, falta de assistência estudantil, etc. Compreendi que meu entendimento sobre o atraso das obras e sobre o REUNI vêm das minhas experiências anteriores de luta no movimento estudantil e dos estudos que fiz sobre o decreto da "reforma" universitária. Fica claro que o nosso ponto de vista é influenciado por nossas vivências.

Depois de observar os prédios, o meu olhar se dirigiu para o Bandejão e seu aspecto precário, mas que, apesar de tudo, ainda mantém e forma muitos trabalhadores. Outra observação importante foi a de uma barraca de camping com um cartaz que dizia: “queremos alojamento!”. Me surgiu a pergunta que que reitor nenhum gosta de responder: por que não é prioridade da reitoria ter assistência estudantil na universidade? Caminhei mais alguns metros e vi os trabalhadores terceirizados da portaria, uma outra pergunta me veio: por que eles não são trabalhadores efetivados, servidores públicos com direitos assegurados?

Terminando minha caminhada observei a área esportiva da UFF, onde poucas pessoas utilizavam o espaço. Outro 'porquê' veio à minha cabeça: por que é que o governo não incentiva a utilização do espaço pela população? Certamente porque a privatização da universidade fica mais fácil com a exclusão da população. Por fim, passei novamente pelos grafites no muro e pensei numa outra expressão que certamente é repetida pelos filhos da classe trabalhadora na sua formatura: “Ufa!!! Me FORMEI na UFF”. Porque sem assistência estudantil, com privatização dos espaços, etc., fica muito difícil a permanência na universidade!

Thiago Coqueiro Mendonça (estudante)

Um comentário:

rafellegaetz disse...

Casino - DrmCD
Discover the 통영 출장안마 best 부산광역 출장안마 casino games online. Get free 강원도 출장안마 spins and no 양주 출장마사지 deposit offers to 군포 출장샵 play and win real money. Visit the casino to play and win real money. We offer