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terça-feira, 10 de março de 2009

8 de março Mulheres jovens na luta, construindo um novo Movimento Estudantil

A crise econômica internacional, que já atinge o Brasil, coloca grandes desafios para os movimentos sociais nesse país. Diante do agravamento da crise, o governo anuncia quase que diariamente novas medidas para ajudar bancos e empresas. Já foram dados ou anunciados trezentos bilhões para empresas, cento e sessenta bilhões para os bancos, oito bilhões para as montadoras de automóveis e cento e trinta bilhões do BNDES para grandes empresas.


Ainda com essa “ajuda”, a resposta dos empresários, dos tubarões do ensino pago, dos banqueiros à crise atinge em cheio a classe trabalhadora e a juventude. Do final de 2008 para cá, já se somam mais de 700 mil postos de trabalho fechados e mais de 1 milhão de demissões. A Educação já perdeu R$ 2 bilhões do orçamento previsto para 2009, e as mensalidades nas universidades pagas não param de aumentar, garantindo uma combinação cruel entre desemprego e falta de condições para muitos jovens manterem seus estudos.



Se, de um lado há respostas para a crise que significam demissões, reduções de salário, retirada de direitos, corte de verba nas áreas sociais, de outro há a perspectiva da mobilização e da luta para que os ricos paguem pela crise, exigindo que o governo garanta estabilidade no emprego, estatize as empresas que demitirem, readmita os trabalhadores que já perderam seus postos de trabalho e não retire nenhum centavo da saúde, educação, etc.


O ataque às mulheres

Entre a ampla parcela da população atingida pela crise, as mulheres compõem a primeira fila das demissões, da perda de direitos e da redução dos salários. Como fruto da ideologia machista, já sofrem com a dupla jornada de trabalho, com a ocupação dos cargos de trabalho mais precarizados e por isso amargam, de forma mais drástica, as conseqüências da crise.


As mulheres jovens estão no centro desses ataques. Segundo dados do DIEESE, as mulheres, nas principais capitais do país, amargam maiores índices de desemprego. As mulheres jovens, ao ocupar os postos mais precarizados, mais isentas de direitos, têm mais facilidade para perderem seus empregos.


Na medida em que a Educação sofre com cortes de verbas, é mais difícil que haja assistência estudantil plena nas escolas e universidades. Muitas mães estudantes, em diversos casos, não conseguem se manter estudando porque as universidades e escolas não garantem a construção de creches universitárias ou, quando elas existem, não atendem à demanda necessária.


Combater o machismo

É também sobre as mulheres jovens que recai a forte pressão dos padrões estéticos. As mulheres têm que ser belas esculturas de apreciação masculina, aos moldes das mulheres que aparecem nas revistas, jornais e TV’s.


A faixa etária que mais morre em função dos abortos clandestinos está entre 17 e 24 anos. A apropriação do corpo da mulher pelo Estado, tem por conseqüência muitas vítimas, que além de não terem o direito ao aborto, não possuem serviço de saúde de qualidade para obter orientações sobre métodos contraceptivos.


Esses são sofrimentos que vivem as mulheres como consequência do machismo, uma ideologia muito bem utilizada pelo capitalismo para super explorar as mulheres. E é essa mesma ideologia que impõe que as mulheres não devem lutar, não devem se organizar, não devem se impor perante as diversas formas de opressão e exploração.


Por um movimento estudantil classista e feminista!

O movimento estudantil muitas vezes cumpriu um papel importante nas lutas em defesa da classe trabalhadora e nas lutas contra a opressão. A única forma de conquistarmos uma educação pública, gratuita, de qualidade para todos e todas é fazendo com que essa luta esteja a serviço da classe trabalhadora e a serviço dos setores oprimidos da sociedade. Este é o lado que o movimento estudantil deve assumir.


Assim como vemos hoje, várias centrais sindicais negociando com os patrões direitos históricos da classe trabalhadora, a juventude também perdeu a UNE como instrumento de luta. Essa entidade, diante da crise, segue aplaudindo o plano neoliberal do governo para a Educação, e agora negocia também o histórico direito da juventude à meia entrada.


Dessa forma, a perda da combatividade da UNE esteve e está relacionada também à sua incapacidade de organizar de forma conseqüente as mulheres jovens. Ainda que com “diretorias de combate à opressão” e com uma mulher na presidência, essa entidade, na medida em que se atrela ao governo, joga em favor dos exploradores e opressores e não em favor da juventude explorada e oprimida.


Com a experiência das mobilizações contra o REUNI, contra os Decretos que atacam a autonomia das Universidades e contra os aumentos das mensalidades, a juventude mostrou sua capacidade de lutar.


Isso é o que concretiza a capacidade de construirmos nas mobilizações de enfrentamento à crise econômica que surgem, um novo movimento estudantil. E a condição para que o novo não seja letra morta é construir efetivamente no interior do ME, a luta contra o machismo, o racismo e a homofobia ao lado da classe trabalhadora.


Todos ao 8 de março classista e feminista!

Com esta compreensão, parte da construção do Congresso Nacional de Estudantes é se engajar na construção dos atos do 8 de março classistas, de luta feminista anti-governista, de enfrentamento com as conseqüências da crise e de luta por uma educação pública.


Todos ao Congresso Nacional de Estudantes!

Com esta mesma preocupação, o Congresso Nacional de Estudantes vai reservar uma parte para debate das lutas contra a opressão e da necessidade de essa ser tarefa central do movimento estudantil democrático, combativo e independente.



Comissão Organizadora do Congresso Nacional de Estudantes
"Companheiros e companheiras,

Muito importante o debate sobre a luta contra a opressão e sua relação com a construção do novo movimento estudantil. Também acho fundamental que nos incorporemos às lutas feministas, classistas e anti-governistas, e considero o conteúdo proposto para a nota muito bom. No entanto, não há como evitar um necessário debate com os companheiros do PSTU, setor majoritário na iniciativa do CNE.

Digo isso porque uma clara contradição se apresenta para a construção dos atos do 8 de março. Em alguns estados, como em São Paulo, haverá de fato uma manifestação classista, construída principalmente pela Conlutas, que apresentará as bandeiras feministas bem nos eixos da nota proposta, relacionando a opressão das mulheres com o capitalismo, a crise e os ataques do governo Lula.

Infelizmente, em outros estados, como aqui no Rio de Janeiro, a opção do PSTU, como setor majoritário da Conlutas e Comissão Organizadora do CNE, foi construir um ato unitário com as centrais governistas e a UNE traidora, essas mesmas que são muito bem denunciadas na proposta de nota apresentada. Como defender que "parte da construção do Congresso Nacional de Estudantes é se engajar na construção dos atos do 8 de março classistas, de luta feminista anti governista, de enfrentamento com as conseqüências da crise e de luta por uma educação pública" e estar presente no ato daqueles que defendem (e implementam!) os ataques do capital e do governo à classe trabalhadora e à juventude? Uma imensa contradição!

Por isso, reafirmamos a necessidade de construção de atos feministas, classistas e anti governistas, e, como consequência, defendemos a não incorporação do Congresso Nacional de Estudantes, enquanto iniciativa política de organização do novo movimento estudantil, aos atos dos setores governistas. A construção do CNE deve passar, isso sim, pelo incentivo à construção de atos classistas em todos os estados, como uma política nacional unificada e coerente com o novo movimento que queremos construir, pautado nas lutas dos trabalhadores e da juventude contra a exploração e a opressão."
Leila Leal, do Movimento Quem Vem Com Tudo Não Cansa.

Dia Internacional da Mulher: comemorar ou lutar?*

*Executiva Nacional de Estudantes de Educação Física
Gestão 2008-2009
O dia 8 de março é considerado, internacionalmente, o dia da mulher. Ocorrem nesse dia diversas manifestações em toda parte do país e do mundo, pelos mais diversos motivos. Há aqueles que comemoram e festejam a data na lógica do mercado e há outros que optam por retomar o dia 8 em um dia de luta. O que representa para nós, estudantes de Educação Física, tal data? Antes de tudo, é preciso nos remetermos à história.

Contam-se muitas versões sobre como o dia 8 de março tornou-se o dia da mulher. Defende-se que a data surgiu com a greve de operárias norte americanas em 1857 (fortemente reprimidas), ou que tenha surgido com as ações das revolucionárias russas em 1917. Embora não tenhamos certeza sobre quem é a “mãe” da criança, de uma coisa podemos estar certos: mulheres em luta estremeceram a organização social de sua época, reivindicando seus direitos de igualdade, de melhores condições de vida, de participação social e política, pelo fim da opressão.

A partir da conquista do sufrágio universal, quando a mulher tem o direito de votar igual aos homens, temos um divisor de águas. Para algumas, a luta terminou neste momento, para outras, se abria cada vez mais a necessidade de organizar as mulheres internacionalmente. Podemos fazer um paralelo com as conquistas das mulheres nos últimos anos. Estamos no mercado de trabalho, podemos nos eleger enquanto candidatas políticas, podemos estudar e nos qualificarmos como outro homem etc. Entretanto, estas “inclusões”, apesar de serem avanços, não nos eximem da opressão que sofremos diariamente. Faz-se necessário manter a bandeira asteada, nossa luta não terminou.

Atualmente, o exemplo de mulher moderna de “super-mulher”, é ser aquela que trabalha o dia inteiro, que consome produtos lançados como artigos femininos, que cuida de sua aparência para se manter no padrão de beleza imposto e ainda por cima consegue, ao chegar em casa cansada do trabalho, cuidar do marido, cuidar dos afazeres da casa e cuidar dos filhos. Este é o exemplo do que é ser mulher atualmente. Mas, basta olhar os noticiários e perceber o quanto de mulheres ainda sofrem agressões físicas dentro de casa, quantas adolescentes e crianças, por falta de condições objetivas de sustentar a família, são submetidas à exploração infantil tendo que vender seus corpos por muitas vezes ainda marcados pela inocência infantil, para homens que as enxergam como mercadoria. Mas de que vitória estamos falando? “Agora é que são elas!” Aonde?

Portanto, para o Movimento Estudantil de Educação Física, essa data deve ser lembrada principalmente pelas lutas classistas de todas as mulheres durante a história como Rosa Luxemburgo, Clara Zetkin, Alexandra Kolontai, Olga Benário, dentre tantas outras valorosas lutadoras do povo. Luta de trabalhadoras oprimidas pelo sistema capitalista e pela sociedade como um todo apenas por ser mulher. Este dia, que em sua origem é de luta contra o capitalismo, mais uma vez foi apropriado pelo capital e transformado em mercadoria, reforçando a ideologia de consumo, onde presentes são distribuídos, lojas fazem promoções especiais, algumas realizam a “Semana da Mulher” com dicas de moda, enfim, projetando todo o ideário de que mulher é e deve ser cada vez mais consumista e preocupada com sua aparência e afazeres domésticos!

Nesta data, não queremos flores, bombons, presentes domésticos nem promoções de perfumes e roupas caras. É preciso que lutemos lado a lado, homens e mulheres em conjunto contra toda e qualquer forma de opressão. Somente através da superação do capital é que seremos todas e todos de fato livres, e a luta da mulher trabalhadora é mais uma bandeira a ser erguida rumo a esta liberdade. Enquanto houver exploração da mulher, haverá luta! Enquanto houver qualquer tipo de opressão, não conseguiremos nosso objetivo central: a transformação radical da sociedade! Para trilhar este caminho só temos uma saída: à luta!