quarta-feira, 26 de março de 2014

Mas greve de novo? E eu não me formo, não? Um debate franco entre estudantes!

Mas greve de novo? E eu não me formo, não?
Um debate franco entre estudantes!

Mal começou o primeiro semestre de 2014 e já somos “surpreendidos” com a notícia de uma possível greve. Novamente, o que em 2012 atrasou bastante nossa vida acadêmica. Mas é preciso um olhar um pouco mais profundo sobre a situação e mais ainda, um pouco de reflexão coletiva sobre o momento.

Primeiro cabe ressaltar que a greve de 2012 não acabou, ela foi suspensa e a mobilização das categorias continuou. Além disso, os acordos feitos naquele momento com o Governo, que já não foram os desejados pelas categorias, foram totalmente desprezados pelo Governo Federal, o mesmo que injeta bilhões nas obras da Copa do Mundo e que, ano após ano corta verbas da saúde e educação asfixiando financeiramente as universidades públicas e apontando como saída a parceria público-privada.

            Nas universidades hoje falta o mínimo possível para que possamos afirmar que temos uma formação de qualidade: falta estrutura, pois muitas vezes não há nem salas de aulas para as disciplinas, laboratórios de pesquisa, e, quando eles existem, estão frequentemente tão cheios que é impossível ter um momento proveitoso de estudos; falta segurança, ao ponto que não é incomum nos depararmos com relatos de assaltos e sequestros nos campi da universidade; faltam bolsas de auxílio e permanência, comprovado pelos altos índices de evasão, especialmente entre a população mais pobre, além do fato de que muitos daqueles que conseguem permanecer na Universidade não têm meios de se integrar nas atividades necessárias à sua formação – como pesquisa e extensão – por terem que gastar parte de seu tempo em estágios altamente precarizados por conta das suas necessidades econômicas; carência de bandejões que possam atender de fato a demanda dos estudantes e o mesmo vale para a moradia universitária. Ou seja, quero me formar, mas com qualidade!

Outro elemento, novo, também merece importante consideração: a virada conjuntural que veio à tona a partir de junho do ano passado. O brasileiro voltou à cena política, voltou às ruas. Sabemos o quanto isso foi difícil, especialmente após mais de 10 anos de um governo dito dos trabalhadores, que esfriou em muito o ânimo da classe trabalhadora. Temos de volta mulheres e homens indignados com as atuais condições de vida, cada vez mais precárias. Em todo o Brasil se levantam diversos movimentos de contestação. Aqui no Rio de Janeiro as lutas tornaram-se emblemáticas, como a greve de quase quatro meses dos Professores da Rede Municipal e Estadual do Rio de Janeiro, e, em pleno Carnaval, a greve dos Garis, que contou com bastante apoio da população e se saiu muito vitoriosa.

          Desde junho, vimos uma crescente da criminalização da pobreza e dos movimentos sociais em nosso país, vimos também o papel nefasto da grande mídia, cooptando nossas pautas, fragmentando o movimento de massas em "pacíficos x vândalos" e assim tentando justificar o aumento da repressão por parte do Estado àqueles que lutam contra a ordem estabelecida, em nome da manutenção do status quo. Dentro das Universidades não esta sendo diferente! Estudantes, professores e técnicos admnistrativos lutadores estão sendo duramente perseguidos, ameaçados e criminalizados por parte daqueles que não defendem o caráter público, gratuito e de qualidade da Universidade. Temos diversos exemplos, como o mais recente agora, a desastrosa "operação antidrogas" na UFSC. Na UFRJ, o mais emblemático e avançado caso de criminalização e perseguição política é tocado, abertamente, pelo Diretor da EEFD, professor Leandro Nogueira, que se utiliza do autoritarismo para tentar destruir quem se contrapõe ao seu projeto de privatização da EEFD, local que inclusive vai abrigar seleções para a Copa do Mundo. Após convocar a Polícia Militar duas vezes para dentro da EEFD, para retirar estudantes e tentar acabar com atos e manifestações; após duas moções de repúdio do CONSUNI contra ele; após retirar o Centro Acadêmico do fórum colegiado máximo da EEFD, como legítimo representante dos estudantes; e após perder quatro (04) processos administrativos dentro da UFRJ, a reitoria da UFRJ ainda não tomou nenhuma providência efetiva para dar fim a esse inacreditável e lamentável caso de criminalização dentro da UFRJ. A vitória do movimento e a exoneração do Diretor é um exemplo para a UFRJ! É tarefa do DCE e do conjunto do ME da UFRJ pressionar a reitoria da UFRJ, através da campanha "FORA LEANDRO!", em defesa da autonomia do ME dentro da Universidade, em defesa do direito de se organizar e de lutar! 

Em outras palavras, não há hora melhor para aumentar a mobilização dentro das universidades. Precisamos avançar e muito! Nós, estudantes, precisamos estar lado a lado com os servidores (técnicos e professores) na construção de uma Educação de qualidade: barrar o PNE de Dilma/PT, que mantém por mais 10 anos a lógica privatista e precarizante na qual a educação hoje se insere; garantir 10% do PIB para a educação pública JÁ, com mais verbas para bolsas, assistência estudantil e investimento em pesquisa e extensão; barrar definitivamente a EBSERH, projeto que tenta privatizar a rede de hospitais universitários; garantir a abertura imediata de concurso público para professores e técnicos administrativos, com um plano de carreira construído pela base, que incentive o servidor a permanecer na rede com remuneração justa; por melhores condições de trabalho, redução da jornada de trabalho para 30h sem redução salarial, com salas e aparelhos adequados e novos, entre outras reivindicações.

E mais, precisamos construir as nossas próprias reivindicações, tal como fizemos em 2012, quando garantimos aumento da quantidade de bolsas e do seu valor, além da garantia da utilização do “ex-Canecão” como espaço de ensino, pesquisa e extensão, administrado pelos segmentos da universidade. Estamos sofrendo com a questão da assistência estudantil! O sucateado alojamento não chega nem perto de atender a demanda da UFRJ. A obra de construção de um novo prédio anda a passos lentos e a reforma do prédio antigo ainda nem começou; os bandejões também não atendem e não existem na PV, no Centro, em Xerém e Macaé; sofremos com o transporte para chegar nos campi e com a escassez dos Inter campi.

Enfim, precisamos nos mover! Já temos provas que não podemos confiar na boa vontade da Reitoria. O bandejão da Praia Vermelha, conquista da greve de 2012, ainda não saiu do papel! Precisamos, em cada unidade, construir uma forte mobilização dos estudantes para cobrar do Reitor Levi e companhia que atendam nossas pautas!

            Pode ser, sim, que nossa formatura seja adiada, mas ela vem sendo negligenciada há anos! É preciso um basta! Quanto maior a pressão, mais rápida são as conquistas. Exemplos como dos trabalhadores de limpeza urbana, os garis do Rio que enfrentaram o governo em época de carnaval e conquistaram boa parte de suas pautas. Vamos construir essa luta juntos e transformar o caráter da Universidade!

MOVIMENTO QUEM VEM COM TUDO NÃO CANSA!
Contatos: Fundão – Rian (980909800); PV – Diego (981501863)
FB: /quemvemcomtudonaocansa

Um comentário:

Raphael xXx disse...

Boa Noite queridos, pediria encarecidamente q desvinculassem minha imagem do movimento quem vem com tudo não cansa, há alguns anos não participo desse movimento e não concordo com a exibição de fotos minhas conectadas a esse movimento, desde já agradeço a atenção e conto com a colaboração dos responsáveis dessa página.
as imagens referidas são as seguintes: http://1.bp.blogspot.com/_FAhuPXyIAGY/SjA7PNRu8WI/AAAAAAAAAac/b7WGc8g91Jc/s320/20090604_56.JPG

http://4.bp.blogspot.com/_FAhuPXyIAGY/SjA7PWQomiI/AAAAAAAAAak/z_lPwLqThXE/s320/20090601_43.JPG

http://4.bp.blogspot.com/_FAhuPXyIAGY/SjBTg-EShoI/AAAAAAAAAbs/P5z30ZJdPzg/s400/20090609_23.JPG

Grato Pela Atenção
Raphael Pequeno