Agradecemos profundamente o professor e companheiro, com votos de continuarmos juntos na luta por uma universidade pública, gratuita, laica, democrática e de qualidade!
Para os estudantes
da UFRJ por ocasião do reconhecimento da autonomia do ME
A que se
destinam as universidades, senão a pôr em discussão as diversas maneiras de se
ser no mundo e levá-las pelas brechas das possibilidades e quebrar, com
elas, os muros que as separam e misturar
ideias e ver no coletivo assim criado, o seu próprio movimento e segui-lo e
empurrá-lo sempre nas direções de maior justiça social. A que se nos
destinamos, senão a, misturados ao mundo e seu povo, perto e dentro dos
acontecimentos, criar destinos e inventar o novo que se nos distingue e
revoluciona esse estar no mundo em um perpétuo e desconforto. Mas quem é esse
nós que em nós se movimenta e cresce em todas as direções e busca entre todas
as vertentes, as mais revolucionárias e
transformadoras? Mas quem é esse nós que
em nós mais se desconforta e que radical avança, senão nossos estudantes e
dentre deles os mais inquietos e desconformados, o nosso movimento estudantil.
A ele devemos nossos melhores momentos e nossas saudades mais verdadeiras.
Nós
professores cansados ou semicansados, que deixamos escapar, por teorias e práticas que se nos são impostas e
que muitas vezes pouco ou nada dela sabemos, nossos melhores momentos e nossas
melhores ideias, que desistimos, a cada dia, cansados e semicansados dos sonhos que nos moviam
para desesperadamente acostumarmo-nos
aos rastros desentendidos que mesmo assim, ainda nos servirão como consolo gula e
destino. Internacionalissimamente desconectados, pensando ser apenas feitos de
eus uniformemente iguais, o mundo em desencanto e desconforto que se nos cerca
e exige com seus problemas, soluções, vivemos dentro de nossas universidades a
pobre sina do escravo feliz que prefere unir-se ao opressor do que lutar por
sua libertação. Sentados ou semissentados
quase sempre confortavelmente instalados, vivemos a crença de importâncias que nem temos nem merecemos.
Vivemos, nos nossos laboratórios e gabinetes projetos científicos que não olham
e nem querem olhar a sociedade que nos cerca, acreditando sempre e sempre numa
neutralidade confortável e igualmente inexistente do que insistimos em chamar
de ciência, sempre no singular, sempre subserviente e sempre excluindo as
diferenças de que somos feitos e que nos unem.
Saudamos
pois, nesse cenário inóspito, nesse deserto de ideias e de homens, a decisão do
Consuni que reconhece a autonomia do ME. Fruto
de nossas tantas lutas e de continuarmos sempre estudantes das ideias e
vontades que gestamos juntos.
Prof. Ricardo Kubrusly (HCTE/UFRJ)
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