Estamos
em um momento histórico, não só para a educação, sobretudo o ensino superior,
quanto para toda a sociedade. Entendemos que a greve docente em 53 Instituições
Federais de Ensino dentre um total de 59, contando com a adesão de técnicos-administrativos
e estudantes em mais de 20, é uma resposta da sociedade às políticas nefastas
que se materializam contra o trabalhador. É também resultado claro do fracasso
da Reforma Universitária inciada no governo Lula/PT, reforma que nunca atendeu
às expectativas populares. Nessa perspectiva, a ação do movimento estudantil
ganha uma importância ímpar nos debates travados contra o Governo,
principalmente quando buscar marcar uma ruptura e diferenciação clara em
relação às suas políticas.
Contudo,
o cenário do movimento estudantil ainda é muito preocupante no tocante às suas
ações e capacidade de mobilização. Ainda que entendamos todas as atuais
limitações das mobilizações populares causadas pela lógica individualista e
competitivista imposta pelo nosso modelo de sociedade, onde o “nós” torna-se
irrelevante perante o “eu”, afirmamos que as ações do movimento estudantil,
sobretudo na UFRJ, nossa principal base de atuação, estão muito aquém do que
deveriam estar. A gestão majoritária do DCE-UFRJ, mais preocupada em fazer atividades
de propaganda, evita travar o necesssário debate na base dos estudantes,
optando por adotar políticas de atos no CONSUNI, um espaço burocratizado e
anti-democrático, onde a possibilidade de vitória é irrisória ou não se concretiza
por não sair do papel. Ou seja, canta-se vitória a partir de intenções ou
falsas promessas de uma reitoria submissa às políticas governamentais que tanto
nos prejudicam. As sessões com estudantes no CONSUNI por vezes terminaram
esvaziadas, com os estudantes já exaustos da fantasia, pois não é interesse dos
grupos majoritários do DCE fazê-los contar com suas próprias forças no seu
dia-a-dia. Além disso, vemos a UNE exercendo muito bem o papel de capacho do
governo federal, sendo bancada pelo mesmo, assinando suas propostas e fazendo
de tudo para desacreditar a movimentação dos estudantes. A luta não interessa à
UNE, e denunciar o papel que essa entidade cumpre é fundamental para que
pensemos nos nossos novos instrumentos de luta com capacidade de aglutinar os
estudantes de todo o país.
O
Movimento Quem Vem Com Tudo Não Cansa, compreendendo a relevância histórica do
movimento estudantil para a discussão dos rumos não só da Universidade, mas
também da sociedade como um todo, assevera a impossibilidade de vitórias
concretas no seguimento dessas linhas políticas supracitadas, muito em virtude
da falta de diálogo nas bases, onde observamos que muitos daqueles que não
encontram canais para construir a greve docente/discente/técnica não o fazem
devido à falta de informações e falta de diálogo das entidades que deveriam
fazê-lo. Com isso, é nosso papel buscar sempre travar os debates com os demais
estudantes, pois não pretendemos realizar ações messiânicas, ou sermos vendedores
de verdades absolutas. Nossas ações devem se balizar na formação de todos e no
debate correspondente ao cotidiano discente, justamente por entender a
necessidade da formação de uma sociedade mais consciente, crítica e combativa,
e repudiar a formação de grupos corporativizados de manobra, o que acaba, de
uma forma ou de outra, resultando das políticas da atual gestão do DCE.
Sendo
assim, nesse contexto de greve geral, algo de uma relevância ímpar, sobretudo
tendo em conta o imobilismo da última década ou mais, consideramos fundamental
a participação estudantil na construção de uma greve que não só poderia nos
valer conquistas imediatas, mas também a formação de pessoas que levariam
consigo valores como a criticidade, combatividade e solidariedade, em detrimento
dos valores propalados por este modelo de sociedade que vemos hoje: egoísmo,
individualismo e competitivismo, entendendo que o espaço universitário não é
apenas de formação técnica-reprodutora, mas sim de formação humana! Por isso
convidamos todos para comparecerem em nossas atividades de greve, para que
possamos travar os debates necessários, onde a construção seja coletiva e que não
apenas deliberemos sobre verdades que querem nos impor.
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