“O movimento proletário é o movimento autônomo da
imensa maioria no interesse da imensa maioria.”
Karl Marx e Frederich Engels
Karl Marx e Frederich Engels
O XXX Encontro Nacional de Estudantes de Educação Física, que ocorreu de 18 a 25 de Julho na USP, aglutinou cerca de 500 estudantes que saíram de diversas partes do Brasil para discutir os processos de lutas existentes e os rumos do movimento estudantil, em específico o de Educação Física.
É importante lembrar que o Encontro ocorre num intervalo de tempo curto em relação aos enfrentamentos na USP, nos quais a polícia militar de São Paulo transformou a Universidade em campo de batalha, atacando violentamente os estudantes. Nesse sentido, deixamos aqui registrado nosso repúdio à figura do professor Go Tani, que, além de ser o que há de reacionário na Educação Física, foi ao encontro representando a Reitora fascista da USP, professora Sueli Vilela.
O XXX ENEEF colocou para debate temas de fundamental importância na conjuntura, como a crise econômica mundial, a maior crise do sistema capitalista desde a crise de 1929; a reorganização do movimento estudantil; a quantas andam a implementação e o enfrentamento ao Decreto do REUNI e os impactos do novo ENEM. Os temas das diretrizes curriculares e o necessário enfrentamento ao sistema CONFEF/CREFs também ganharam fôlego no Encontro Nacional.
Na mesa I do ENEEF, tínhamos como eixo central das discussões a crise econômica mundial. O debate sobre esse tema deveria ser muito aprofundado para mostrar ao conjunto dos estudantes presentes de onde vem essa crise, qual o seu caráter e qual a saída estratégica para a juventude e os trabalhadores. Era o momento de mostrarmos as contradições do sistema capitalista que se expressam durante a crise (demissões, arrocho salariais, férias coletivas, etc.), mostrar como a classe trabalhadora e a juventude estão pagando a conta dessa crise, identificar o papel nefasto que o Governo Lula/PT vem cumprindo (distribuindo dinheiro para banqueiros, corte no orçamento da educação, etc.) e mostrar as tarefas que temos a cumprir! Mas devido ao debate feito na hora errada sobre diretrizes curriculares, não conseguimos aprofundar sobre o tema da maneira necessária.
Nesse ano, também tivemos o lançamento da campanha pela revogação das diretrizes curriculares, que consideramos uma luta importante. Porém, no atual momento em que temos uma crise econômica que assola cada vez mais os estudantes e os trabalhadores, visto o número de estudantes ficando desempregados, sem condições para freqüentar a universidade, os cortes de salários, a nova lei da meia-entrada, a forte implementação do REUNI, que acaba com a Universidade pública, as medidas do governo com os tubarões de ensino como aumento nas mensalidades e aulas tele-presenciais, consideramos que a campanha deveria ser mais abrangente, no sentido da garantia da qualidade do ensino público.
Nesse ano, também ficou explícito o acúmulo de discussão que o MEEF veio ganhando em torno do tema de reorganização do movimento estudantil. Se até 2007, as discussões perpassavam por permanecer na UNE, em 2008, após o rompimento com tal entidade e a participação da ExNEEF no Congresso Nacional de Estudantes, o MEEF vem avançando na análise de que a UNE foi cooptada pela burguesia e luta do lado da mesma contra os estudantes. Um ponto bastante importante foi reafirmar a ruptura com a UNE, acompanhada pela deliberação de não realizar espaços paralelos aos fóruns da mesma. Esses encaminhamentos, em nosso ponto de vista, mostram o quanto a ExNEEF está na vanguarda da reorganização do movimento estudantil.
Na plenária final, também teve a discussão do posicionamento da ExNEEF sobre a Assembléia Nacional dos Estudantes Livre (ANEL), e o Movimento Quem Vem Com Tudo Não Cansa defendeu o posicionamento de autonomia. Acreditamos na necessidade urgente de uma Nova Entidade para potencializar a luta dos estudantes, diferente de algumas análises feitas dentro do MEEF, mas entendemos que esse novo instrumento deve expressar uma ruptura com o velho movimento estudantil. Nesse sentido, a ANEL não responde às tarefas colocadas para a juventude, pois não firma o seu programa na ruptura com a UNE, ou seja, deixa a possibilidade para o oportunismo de outra hora, aonde vimos os instrumentos criados sendo usados de barganha para acordos superestruturais, como no caso da Frente de Luta Contra a Reforma Universitária. Assim, nossa posição de autonomia compreende que, caso se concretize uma conjuntura de radicalização das lutas e essas encontrem um canal potencializador na ANEL, não nos negaremos, por princípio, a nos somar para a organização e intervenção nas mobilizações, mesmo observando sérias debilidades na alternativa em questão. No entanto, a deliberação aprovada no ENEEF de não compor a ANEL devido à falta de representatividade ampla junto aos estudantes, em nosso entendimento desconsidera as tarefas colocadas para a vanguarda do movimento estudantil, de criação de um instrumento que organize e potencialize as lutas dos estudantes.
O XXX ENEEF também marcou uma discussão que se iniciou ano passado sobre a opressão das mulheres relacionada à luta de classes, e as lutas que deveríamos tocar. Nesse sentido, ocorreu o primeiro espaço de auto-organização de mulheres, que visou discutir as opressões sofridas pelas mesmas no seio da sociedade. Em seguida, tivemos um espaço de mulheres em conjunto com a Nutrição.
Não podemos, infelizmente, ver a mesma qualidade do espaço de auto-organização no espaço de mulheres aberto com todos os estudantes do encontro, pois na mesa se encontravam setores que tinham uma discussão muito aquém do que poderíamos fazer, inclusive contemplando na mesa um posicionamento pós-moderno, que falava das opressões sem correlação histórica com a classe trabalhadora.
Apesar de todos os equívocos de discussão política, consideramos que o Encontro avançou muito no sentido das discussões e proposições para as lutas da ExNEEF nas Universidades e sua intervenção junto à classe trabalhadora.
Sigamos avançando!
"Ser capaz de sentir indignação contra qualquer injustiça cometida contra qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo. É a qualidade mais bela de um militante".
Ernesto Che Guevara.
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