Nota de Conjuntura do Movimento Quem Vem Com Tudo Não Cansa
Estamos vivenciando uma forte crise política no país, originada de uma crise econômica mundial que ressoa intensamente no Brasil, a partir de 2015, e que intensificou o ataque aos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras por parte do Governo Federal, precarizando demasiadamente as condições de vida. Isso ocorre pela necessidade do governo de atender a demanda do grande empresariado, banqueiros e agropecuários, garantindo suas condições ótimas de exploração.
No ano passado, por exemplo, o governo Dilma/PT, em seu primeiro ano do segundo mandato, executou uma firme política econômica de austeridade – o chamado Ajuste Fiscal – que se materializou, entre outros casos, nos cortes de verbas maciços nas áreas sociais (a pasta da Educação perdeu R$ 12 bi) , nas mudanças nas regras de aposentadoria e no acesso aos direitos da previdência (MP’s 664 e 665). Neste ano, um novo corte orçamentário está previsto, além da Reforma da Previdência e do retorno da CPMF.
Dentro das universidades, essa crise se materializa na situação dramática da Assistência Estudantil. Com as novas formas de acesso e a Lei de Cotas, o perfil dos e das estudantes universitários se alterou, mas a Universidade, com recursos contingenciados, não tem condição de atender toda essa demanda. O resultado é que o falso projeto de democratização do acesso se esvai, já que quem entra não tem condições de permanecer. As bolsas são insuficientes e o PNAES está muito longe de ter seus eixos atendidos por falta de verba. Nesse cenário de crise, os primeiros atingidos, junto com os trabalhadores e trabalhadoras terceirizadas, são estudantes cotistas e/ou com perfil PNAES, que em sua maioria são negros e negras.
Entretanto, para os setores dominantes, esse Ajuste não é suficiente. Para eles, há a necessidade de se arrochar ainda mais, por isso a tentativa de derrubar o governo do PT, via impeachment, para que assumam de vez o poder para implementar uma política econômica ainda mais danosa. Nós fazemos oposição de esquerda ao governo do PT, desde a fundação do movimento, em 2005, contudo achamos que a saída da presidente Dilma nos coloca em uma situação muito pior para continuarmos em luta e os ataques serão brutais.
Nesse sentido, apontamos a necessidade da construção de um campo que lute unificadamente contra a política de Ajuste Fiscal e, contra os ataques aos direitos trabalhistas, sem fazer a defesa do indefensável governo do PT, denunciando seu caráter neoliberal e nem se alinhando aos setores conservadores que pedem a cabeça da presidente. Estamos apostando na construção de uma frente de esquerda que unifique nacionalmente todos os setores de luta, a partir dos elementos citados, conforme apontado por uma reunião realizada nesses termos, no dia 23 de março, no Rio de Janeiro.
Nas universidades, apontamos também a necessidade da unidade dos estudantes para avançar nas lutas e conquistas. Dessa forma, nos colocamos à disposição para construir frentes, chapas e movimentos que coloquem a Assistência Estudantil na centralidade das lutas, como fazemos há muito tempo.
Rio de Janeiro, 26 de março de 2016
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