segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Eduardo Paes, nossas escolas não são fábricas!

             Nesta última semana a prefeitura do Rio de Janeiro lançou uma  campanha publicitária sobre seu projeto “Fábricas de Escolas do Amanhã”. Essa peça de propaganda mostra o desenho de alunos da rede municipal sentados em carteiras sobre a esteira de uma linha de produção, deixando claro qual o seu projeto de educação para o município: a formação de alunos de forma aligeirada, adaptada às necessidades do mercado de trabalho e que não o coloca a pensar de forma crítica e autônoma a sua realidade.



          O projeto educacional assumido por Eduardo Paes e sua equipe da Educação – antes, Claudia Costin, consultora do Banco Mundial; hoje, Helena Bomeny – vem sendo duramente criticado pelos docentes da Rede Municipal. A política para a Educação Pública, que vai da forma como se valoriza e remunera os profissionais à concepção de currículo e formação, é considerada como altamente precarizante. Esse sentimento generalizado ficou demonstrado com o retorno às ruas do movimento dos profissionais da Educação, que realizou uma grande greve após quase vinte anos. Tem sido forte a mobilização da categoria.

        Contudo, a imagem veiculada pela propaganda da prefeitura do Rio não é nova. Ela já havia sido reproduzida no clip da música do Pink Floyd, “Another Brick in the Wall”, de 1979. Com um olhar diametralmente oposto àquele do Palácio da Cidade, a canção critica os métodos coercitivos na escola, especialmente pelo fato dos estudantes cada vez mais serem “fabricados” por procedimentos de desumanização, além dos uniformes e máscaras que apagam as individualidades pessoais e os diferentes rostos e emoções. Para completar, a esteira leva a um moedor de carne, onde os estudantes viram uma grande carne moída. O título da canção traduzida seria “apenas outro tijolo na parede”. No clip, uma crítica; na campanha da prefeitura do Rio de Janeiro, a infeliz realidade que o município vê implementa nas escolas. 



           A ideia dessa “linha de produção” também foi utilizada no Encontro Regional de Estudantes de Educação Física de 2011, realizado no Espírito Santo, quando xs estudantes questionavam o modelo de formação profissional, não só em Educação Física. Na arte principal do Encontro vemos indivíduos entrar numa máquina como pessoas e sair como robôs, numa alusão à atuação padronizada, acrítica e idiotizada, tal como requer o mercado de trabalho; trabalhadores que executem e que pensem apenas o necessário para tocar o maquinário.



       Como professores em formação e estudantes universitários, vivemos essa contradição diariamente. Nossa formação é reduzida e acelerada para que, quando estivermos na docência, façamos o mesmo. Porém, organizadxs e pensando coletivamente vamos encontrar respostas e soluções para esses problemas que estão postos. Precisamos avançar na consciência e pensar em qual educação nós queremos.

             Lutamos por uma formação de qualidade para xs futuros professores, procurando garantir uma formação efetivamente humana, ampliada e que nos garanta o maior leque de intervenções. E também lutamos contra essa política meritocrática e mercadológica colocada em prática não só pela descarada e desavergonhada prefeitura do Rio.

Quem vem com tudo na luta por uma Educação de qualidade não cansa!

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