quarta-feira, 20 de julho de 2011

Democratização na UFRJ? Um sonho ainda muito distante...

Cotistas estão sem bolsas desde abril! Aqueles que ingressaram pela reclassificação, em abril, nunca receberam bolsas!

Foi aprovado na Sessão Ordinária do CEG de 10 de novembro de 2010 que todos os alunos ingressantes em 2011 pela política de Ações Afirmativas receberiam uma bolsa de R$360,00 para o custeio de despesas com material didático (cópias, livros, etc), um auxílio passagem (30 passagens/mês) , um computador e aulas de reforço. Sabemos a importância da política de assistência para todos os estudantes como uma condição para a garantia do direito à educação. Afinal, tão importante quanto o acesso à universidade, é a garantia das condições para que os estudantes se mantenham nela.

A partir dessa concepção, nós do Movimento Quem Vem Com Tudo Não Cansa defendemos, durante a discussão sobre a implementação do sistema de cotas na UFRJ, que este deveria ser parte de uma política de expansão com qualidade do acesso à nossa universidade. Para isso, apontamos que era fundamental que a política de cotas se implementasse numa lógica de ampliação e não de restrição do acesso à UFRJ, com a criação de mais vagas, garantia de assistência estudantil, contratação de mais professores e funcionários e todas as condições para uma expansão de qualidade. Entendemos, assim, a implementação das cotas como parte da luta em defesa do livre acesso à universidade, nossa bandeira geral.

Mas, infelizmente, essa não foi a política do governo Lula/PT, não é a política de Dilma e nem da Reitoria da UFRJ. O que vemos é a continuidade da lógica de expandir a universidade sem qualidade, aprofundada com o Reuni, em que se criam vagas ao mesmo tempo em que se cortam verbas. Essa situação geral das universidades brasileiras se reflete diretamente na UFRJ e tem várias implicações. Uma das mais crueis é justamente com os estudantes que ingressaram nela através do sistema de cotas: o primeiro período de 2011 já se encerrou e os estudantes estão sem receber há meses. A última bolsa foi paga em abril. Os alunos que ingressaram pela reclassificação, no mês de abril, nunca receberam bolsas! O auxílio transporte previsto para os cotistas nunca saiu. E até agora não receberam nem informações de quando essas bolsas - aprovadas como parte da política de cotas - serão pagas. Muitos alunos abandonaram o período por não terem condições de arcar com as despesas e outros encontram-se endividados, já que precisaram retirar dinheiro de outras contas ou pegar dinheiro emprestado com outras pessoas para não correr o risco de perder o período. A pergunta dos estudantes é simples: quando receberemos? O pagamento das bolsas será retroativo?

E não é apenas o direito às bolsas que está ameaçado. Na última semana, a prefeitura do Rio de Janeiro divulgou a lista de documentos necessários para estudantes cotistas e bolsistas do ProUni em universidades do município receberem o chamado 'bilhete único universitário', auxílio-transporte que cobra meia-passagem para estudantes de baixa renda. O grande absurdo, que, infelizmente, não chega a ser uma surpresa, é que além do comprovante de matrícula, é obrigatório que o estudante apresente a carterinha da União Nacional dos Estudantes (UNE) ou de sua representante estadual, a União Estadual dos Estudantes (UEE-RJ) para ter acesso ao auxílio. Isso que dizer que o estudante precisa PAGAR para UNE/UEE para ter o benefício do transporte. Há muito já sabemos que a UNE abandonou a luta dos estudantes e se transformou em uma fábrica de carterinhas, ganhando direiro às nossas custas. Nesse caso, não bastou abandonar a luta pelo passe-livre para conciliar com a proposta do governo e empresários de ônibus, que cobra passagens 'mais baratas'. A UNE lançou mão, mais uma vez, da famosa política de 'monopólio das cateirinhas', que só reconhece como estudante aquele que pagar a ela para ter sua carterinha. Ao invés que lutar pela ampliação dos direitos estudantis, a UNE os restringe e cria uma relação mercantil com aqueles que deveria representar.

Não podemos mais aceitar essa situação. Precisamos nos organizar para pressionar pela
garantia dos direitos de acesso e permanência dos estudantes de origem popular, por políticas sérias de assistência estudantil e em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade!


Pelo pagamento imediato e retroativo das bolsas! Garantia do vale-transporte e todos os outros benefícios já!

Amanda Kuroski e Leila Leal,

do Movimento Quem Vem Com Tudo Não Cansa!

Um comentário:

lucas disse...

Tamo junto nessa luta.

lucmedmar@hotmail.com