Foi aprovado na Sessão Ordinária do CEG de 10 de novembro de 2010 que todos os alunos ingressantes em 2011 pela política de Ações Afirmativas receberiam uma bolsa de R$360,00 para o custeio de despesas com material didático (cópias, livros, etc), um auxílio passagem (30 passagens/mês) , um computador e aulas de reforço. Sabemos a importância da política de assistência para todos os estudantes como uma condição para a garantia do direito à educação. Afinal, tão importante quanto o acesso à universidade, é a garantia das condições para que os estudantes se mantenham nela.
A partir dessa concepção, nós do Movimento Quem Vem Com Tudo Não Cansa defendemos, durante a discussão sobre a implementação do sistema de cotas na UFRJ, que este deveria ser parte de uma política de expansão com qualidade do acesso à nossa universidade. Para isso, apontamos que era fundamental que a política de cotas se implementasse numa lógica de ampliação e não de restrição do acesso à UFRJ, com a criação de mais vagas, garantia de assistência estudantil, contratação de mais professores e funcionários e todas as condições para uma expansão de qualidade. Entendemos, assim, a implementação das cotas como parte da luta em defesa do livre acesso à universidade, nossa bandeira geral.
Mas, infelizmente, essa não foi a política do governo Lula/PT, não é a política de Dilma e nem da Reitoria da UFRJ. O que vemos é a continuidade da lógica de expandir a universidade sem qualidade, aprofundada com o Reuni, em que se criam vagas ao mesmo tempo em que se cortam verbas. Essa situação geral das universidades brasileiras se reflete diretamente na UFRJ e tem várias implicações. Uma das mais crueis é justamente com os estudantes que ingressaram nela através do sistema de cotas: o primeiro período de 2011 já se encerrou e os estudantes estão sem receber há meses. A última bolsa foi paga em abril. Os alunos que ingressaram pela reclassificação, no mês de abril, nunca receberam bolsas! O auxílio transporte previsto para os cotistas nunca saiu. E até agora não receberam nem informações de quando essas bolsas - aprovadas como parte da política de cotas - serão pagas. Muitos alunos abandonaram o período por não terem condições de arcar com as despesas e outros encontram-se endividados, já que precisaram retirar dinheiro de outras contas ou pegar dinheiro emprestado com outras pessoas para não correr o risco de perder o período. A pergunta dos estudantes é simples: quando receberemos? O pagamento das bolsas será retroativo?
E não é apenas o direito às bolsas que está ameaçado. Na última semana, a prefeitura do Rio de Janeiro divulgou a lista de documentos necessários para estudantes cotistas e bolsistas do ProUni em universidades do município receberem o chamado 'bilhete único universitário', auxílio-transporte que cobra meia-passagem para estudantes de baixa renda. O grande absurdo, que, infelizmente, não chega a ser uma surpresa, é que além do comprovante de matrícula, é obrigatório que o estudante apresente a carterinha da União Nacional dos Estudantes (UNE) ou de sua representante estadual, a União Estadual dos Estudantes (UEE-RJ) para ter acesso ao auxílio. Isso que dizer que o estudante precisa PAGAR para UNE/UEE para ter o benefício do transporte. Há muito já sabemos que a UNE abandonou a luta dos estudantes e se transformou em uma fábrica de carterinhas, ganhando direiro às nossas custas. Nesse caso, não bastou abandonar a luta pelo passe-livre para conciliar com a proposta do governo e empresários de ônibus, que cobra passagens 'mais baratas'. A UNE lançou mão, mais uma vez, da famosa política de 'monopólio das cateirinhas', que só reconhece como estudante aquele que pagar a ela para ter sua carterinha. Ao invés que lutar pela ampliação dos direitos estudantis, a UNE os restringe e cria uma relação mercantil com aqueles que deveria representar.
Não podemos mais aceitar essa situação. Precisamos nos organizar para pressionar pela garantia dos direitos de acesso e permanência dos estudantes de origem popular, por políticas sérias de assistência estudantil e em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade!
Pelo pagamento imediato e retroativo das bolsas! Garantia do vale-transporte e todos os outros benefícios já!
Amanda Kuroski e Leila Leal,
do Movimento Quem Vem Com Tudo Não Cansa!
Não podemos mais aceitar essa situação. Precisamos nos organizar para pressionar pela garantia dos direitos de acesso e permanência dos estudantes de origem popular, por políticas sérias de assistência estudantil e em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade!
Pelo pagamento imediato e retroativo das bolsas! Garantia do vale-transporte e todos os outros benefícios já!
Amanda Kuroski e Leila Leal,
do Movimento Quem Vem Com Tudo Não Cansa!
Um comentário:
Tamo junto nessa luta.
lucmedmar@hotmail.com
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