sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Bandejões aprovados! Agora é pressionar pra sair do papel e avançar nas mobilizações!

Na última quinta-feira, 22 de setembro, os estudantes da UFRJ conquistaram uma vitória importante: garantiram, no Conselho Universitário, a prioridade da verba no orçamento 2012 para a construção dos restaurantes universitários da Praia Vermelha e unidades isoladas (Centro, Macaé e Xerem). A reivindicação, além de ser essencial para a assistência estudantil, se choca diretamente com o projeto do REUNI para nossa universidade, que não previa restaurantes universitários para as unidades isoladas como forma de chantageá-las a transferirem-se para o fundão.
O que vimos nesse Consuni foi mais uma demonstração do lado em que está a Reitoria. Após semanas de mobilização e negociação, alguns pontos iniciais da pauta estudantil já haviam sido garantidos. O Consuni precisava referendá-los e, ainda, decidir sobre os pontos da pauta que a Reitoria não havia aceitado (como o bandejão nas unidades isoladas, o reajuste das bolsas, a indenização por atraso no seu pagamento e outros). Descumprindo os acordos feitos na negociação com os estudantes, a Reitoria tentou impedir a votação dos pontos com que não concordava no Consuni. Apesar disso, os estudantes conseguiram encaminhar uma única votação: a aprovação ou não da garantia de verbas para a construção dos restaurantes universitários na Praia Vermelha e unidades isoladas, e saímos vitoriosos desta votação.
Devemos festejar, sim, essa conquista que tivemos. Mas precisamos avançar muito mais! Não foram votadas as resoluções sobre as bolsas estudantis, em que reivindicávamos sua ampliação e reajuste, dia fixo para o pagamento e indenização aos estudantes em caso de atraso. Além disso, a aprovação das verbas para os bandejões é importante, mas por si só não garante sua implementação: já vimos muitas vezes no período recente a Reitoria desviar verbas já destinadas para a assistência estudantil para implementar seus ‘projetos prioritários’, como a ciclovia do Fundão. O próprio bandejão do CT/CCMN, por exemplo, já aprovado, até hoje não foi concluído. Vamos precisar de muita pressão e mobilização pra tirar os bandejões do papel e para avançar nas outras pautas. Por isso, essa nossa vitória não pode se tornar apenas uma bandeira de propaganda: deve ser um primeiro passo e um poderoso instrumento de pressão a reitoria para que avancemos em nossas pautas.
Conseqüência com as mobilizações
Sabemos que para garantirmos as nossas reivindicações precisamos necessariamente colocar em xeque toda a política do governo para educação. Os inúmeros problemas que os estudantes da UFRJ vêm sofrendo têm intima ligação com o projeto de expansão precarizada do REUNI. Acreditamos que as vitórias dos restaurantes universitários são fundamentais, mas entendemos que é necessário unificar as pautas de reivindicações das diversas unidades da UFRJ que possuem muita convergência: além das questões de assistência estudantil, faltam salas de aula, laboratórios, professores... A unificação dessas pautas de cada unidade é que pode conduzir a um enfrentamento comum e fortalecido ao projeto de submissão da reitoria à política de precarização e privatização da universidade publica do governo Dilma/PT, em defesa de uma universidade pública e gratuita, com financiamento público e qualidade.
Neste sentido criticamos o imobilismo da atual gestão do DCE, que não conseguiu aprofundar e unificar as mobilizações dos estudantes em suas lutas concretas durante o último ano. É um equívoco limitar a mobilização estudantil à criação de expectativas no espaço burocrático que é o Conselho Universitário, centrando as lutas em atos na Reitoria para a aprovação de pontos específicos. Poderíamos ter avançado muito mais se tivéssemos uma pauta de reivindicações que fosse mais aprofundada no sentido de expor todos os problemas que os estudantes das diversas unidades vêem sofrendo por conta da conseqüência do REUNI, unificada através de lutas que pudessem pressionar ainda mais a Reitoria.
Nesse processo, precisamos ainda entender o papel dos setores governistas nos espaços de mobilização: vimos nessas últimas semanas os setores ligados ao governo, organizados na UNE, indo às mobilizações para evitar que as lutas enfrentassem o projeto de educação do governo federal e a Reitoria que o implementa. Isso impede que as lutas se aprofundem e possam arrancar mais vitorias para os estudantes. Infelizmente, a atual gestão do DCE abriu mão de fazer esse debate em nome de uma ‘unidade’ que nada tem de real, pois ignora que estão em disputa dois projetos de educação e a UNE, como sabemos, defende o projeto oposto ao nosso.
Só conseguiremos avançar concretamente em nossas lutas, desde as mais imediatas até os grandes projetos do governo para educação, se tivermos um sólido instrumento de combate em nível nacional, que unifique e potencialize as mobilizações dos estudantes que acontecem por todo país. No momento em que temos uma série universidades com suas reitorias ocupadas e não conseguimos articular um enfrentamento nacional que unificasse nossas pautas, isso fica mais claro. É no dia-a-dia, nas lutas, que deve se pensar um instrumento de lutas que possa fazê-las avançar, e não apenas em discursos...
Chamamos todos os estudantes da UFRJ a tomarem essa primeira conquista como o motor de muitas outras, baseada em lutas concretas e unificadas em toda a universidade!

MOVIMENTO QUEM VEM COM TUDO NÃO CANSA

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