A comunidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) enfrenta problemas com a segurança dentro da Cidade Universitária, na Ilha do Fundão.
A disposição dos prédios na cidade conferem uma sensação de amplitude, muitas vezes prejudicada pela falta de movimentação entre um prédio e outro.
O coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Sintufrj), Francisco de Assis, garante que a instituição tem níveis de segurança acima da média do Rio de Janeiro, mas admite que a falta de pessoal na área de segurança compromete o trabalho. O coordenador é morador da Vila Residencial desde 1988 e trabalha nos cursos noturnos da Universidade. "Acho que o fator mais complicado da Cidade Universitária da Ilha do Fundão é o acesso. Ele é todo feito pelas vias expressas, que são cercadas por comunidades carentes", explica.
Os locais mais críticos segundo o servidor, são o ponto de ônibus da passarela próxima ao hospital universitário e o trajeto para o alojamento. Segundo o coordenador, o sindicato luta junto ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) para que o cargo de vigilante não permaneça na categoria de cargos extintos. "Com a extinção do cargo não pode haver concurso para o setor. Hoje são cerca de 60 profissionais, mas grupo razoável está prestes a se aposentar e este quadro não é só para a Ilha do fundão, cobrindo as outras unidades também", alerta.
Alunos não se sentem seguros no campus e no trajeto.
A universitária Nathália Oliveira, que cursa Meteorologia no Fundão, informa que já presenciou alguns assaltos em ônibus nos trajetos próximos à UFRJ. "No ônibus do Metrô tem muito assalto nas proximidades do Complexo do Alemão e na Vila do João também. Já presenciei assaltos na linha. Eles aproveitam os engarrafamentos, abordam os passageiros e descem dois pontos depois", comenta.
O estudante Thiago Coqueiro Mendonça, membro do Centro Acadêmico de Educação Física e aluno do 8º período, mora no alojamento estudantil e já cursou matérias à noite. "O maior problema para os cursos noturnos é que o ônibus interno costuma atrasar. Às vezes, os motoristas não fazem o percurso inteiro e temos que fazer parte do caminho a pé", explica.
O universitário nunca foi assaltado, mas diz conhecer alunos que foram abordados por assaltantes dentro do próprio ônibus do campus. "Sempre há situações constrangedoras e que preocupam. Por exemplo, já fui abordado por um homossexual que estava se prostituindo próximo à Escola de Educação Física quando estava indo para o alojamento", informa.
Thiago explica que no campus todo, as vias são iluminadas, mas as áreas em torno não. Segundo o aluno, próximo ao alojamento também é muito mal iluminado. "Então, sempre fica um lugar de breu. Mas até pela via a gente tem medo de transitar a pé. Às vezes, passam carros que se aproximam mais devagar, você não sabe se vão apenas pedir informação ou te assediar", denuncia.
Vice-prefeito da UFRJ promete tomar providências
O Vice-prefeito da Cidade Universitária, Ivan Ferreira Carmo, explica que a questão principal da falta de segurança é o déficit de profissionais para desempenhar as atividades no campus. "Esperamos que o MPOG volte atrás para que possamos realizar concursos. Se isso não for possível, teremos que mudar a metodologia de trabalho dos terceirizados que cuidam do patrimonial dentro dos prédios", explica.
Segundo o vice-prefeito, hoje, é inviável colocá-los na ronda pela própria estrutura do trabalho. Os contratos com as prestadoras de serviço têm duração de um ou dois anos e esse profissional costuma ser remanejado de setor diversas vezes enquanto trabalha na instituição. Segundo Ivan, é importante destacar que o Plano Diretor de 2020 irá respeitar os projetos originais dos prédios já existentes, tentando criar mais áreas de convivência e aproximar os prédios, diminuindo as áreas inutilizadas entre as construções. "Com isso, iremos criar uma circulação maior, mais vida e movimento nos espaços. O que por si só já confere mais segurança à essas áreas", acredita.
O vice-prefeito observou as fotografias que a equipe da FOLHA DIRIGIDA fez no prédio da Escola de Educação Física e no entorno. O professor Ivan ficou chocado com o estado das áreas inutilizadas. As imagens mostram vestiários imundos e com muita água parada. Durante todo o tempo, apenas um carro da Divisão de Segurança (Diseg) foi visto fazendo a ronda."Eu irei falar com a direção da EEF, pois como acontece com a prefeitura do Rio, a prefeitura do campus não entra nas ‘casas’ para ver os problemas. Quanto às áreas externas, esperamos que as modificações do Plano Diretor possam resolver esses problemas, aumentando a densidade nestas áreas", afirma.
*Thais Loureiro, estagiária da Folha Dirigida
17/02/2009
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