quinta-feira, 7 de junho de 2012

Greve: e agora?





Estamos em um momento histórico, não só para a educação, sobretudo o ensino superior, quanto para toda a sociedade. Entendemos que a greve docente em 53 Instituições Federais de Ensino dentre um total de 59, contando com a adesão de técnicos-administrativos e estudantes em mais de 20, é uma resposta da sociedade às políticas nefastas que se materializam contra o trabalhador. É também resultado claro do fracasso da Reforma Universitária inciada no governo Lula/PT, reforma que nunca atendeu às expectativas populares. Nessa perspectiva, a ação do movimento estudantil ganha uma importância ímpar nos debates travados contra o Governo, principalmente quando buscar marcar uma ruptura e diferenciação clara em relação às suas políticas.

Contudo, o cenário do movimento estudantil ainda é muito preocupante no tocante às suas ações e capacidade de mobilização. Ainda que entendamos todas as atuais limitações das mobilizações populares causadas pela lógica individualista e competitivista imposta pelo nosso modelo de sociedade, onde o “nós” torna-se irrelevante perante o “eu”, afirmamos que as ações do movimento estudantil, sobretudo na UFRJ, nossa principal base de atuação, estão muito aquém do que deveriam estar. A gestão majoritária do DCE-UFRJ, mais preocupada em fazer atividades de propaganda, evita travar o necesssário debate na base dos estudantes, optando por adotar políticas de atos no CONSUNI, um espaço burocratizado e anti-democrático, onde a possibilidade de vitória é irrisória ou não se concretiza por não sair do papel. Ou seja, canta-se vitória a partir de intenções ou falsas promessas de uma reitoria submissa às políticas governamentais que tanto nos prejudicam. As sessões com estudantes no CONSUNI por vezes terminaram esvaziadas, com os estudantes já exaustos da fantasia, pois não é interesse dos grupos majoritários do DCE fazê-los contar com suas próprias forças no seu dia-a-dia. Além disso, vemos a UNE exercendo muito bem o papel de capacho do governo federal, sendo bancada pelo mesmo, assinando suas propostas e fazendo de tudo para desacreditar a movimentação dos estudantes. A luta não interessa à UNE, e denunciar o papel que essa entidade cumpre é fundamental para que pensemos nos nossos novos instrumentos de luta com capacidade de aglutinar os estudantes de todo o país.

O Movimento Quem Vem Com Tudo Não Cansa, compreendendo a relevância histórica do movimento estudantil para a discussão dos rumos não só da Universidade, mas também da sociedade como um todo, assevera a impossibilidade de vitórias concretas no seguimento dessas linhas políticas supracitadas, muito em virtude da falta de diálogo nas bases, onde observamos que muitos daqueles que não encontram canais para construir a greve docente/discente/técnica não o fazem devido à falta de informações e falta de diálogo das entidades que deveriam fazê-lo. Com isso, é nosso papel buscar sempre travar os debates com os demais estudantes, pois não pretendemos realizar ações messiânicas, ou sermos vendedores de verdades absolutas. Nossas ações devem se balizar na formação de todos e no debate correspondente ao cotidiano discente, justamente por entender a necessidade da formação de uma sociedade mais consciente, crítica e combativa, e repudiar a formação de grupos corporativizados de manobra, o que acaba, de uma forma ou de outra, resultando das políticas da atual gestão do DCE.

Sendo assim, nesse contexto de greve geral, algo de uma relevância ímpar, sobretudo tendo em conta o imobilismo da última década ou mais, consideramos fundamental a participação estudantil na construção de uma greve que não só poderia nos valer conquistas imediatas, mas também a formação de pessoas que levariam consigo valores como a criticidade, combatividade e solidariedade, em detrimento dos valores propalados por este modelo de sociedade que vemos hoje: egoísmo, individualismo e competitivismo, entendendo que o espaço universitário não é apenas de formação técnica-reprodutora, mas sim de formação humana! Por isso convidamos todos para comparecerem em nossas atividades de greve, para que possamos travar os debates necessários, onde a construção seja coletiva e que não apenas deliberemos sobre verdades que querem nos impor. 

Nenhum comentário: