terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Avaliação das eleições para o DCE-UFRJ/2011 e as perspectivas do movimento estudantil

Nós, do Movimento Quem Vem Com Tudo Não Cansa, que disputamos as eleições para o DCE Mário Prata nesse ano de 2011 sob a chapa 4, avaliamos que mais uma vez o processo eleitoral na UFRJ foi marcado por uma profunda despolitização. O enorme esforço feito pelas forças políticas em evitar o debate necessário e fundamental para o avanço qualitativo do movimento estudantil não só na nossa universidade mas também para a sua contribuição no cenário nacional, se refletiu novamente, a exemplo das eleições passadas, numa polarização superficial entre duas chapas que não refletiu um debate mais profundo acerca de concepção de movimento estudantil.

Nesse cenário de despolitização do debate, prevaleceu o discurso do voto útil, onde as duas maiores chapas chamavam voto para si sob alegação de impedir a vitória da outra. Nosso movimento recusa a validade desse tipo de argumento que, acima de tudo, impede que coloquemos o movimento estudantil da UFRJ num outro patamar, onde nossas reais questões e reivindicações ganhem peso significativo a partir da incorporação política da maior parte possível do conjunto dos estudantes e que possamos assim enfrentar governo e reitoria que protagonizam a precarização da nossa universidade.

Lembramos também dificuldades no processo eleitoral surgiram antes mesmo do seu início, quando do atropelo da marcação do calendário eleitoral. Situação essa que, dentre outras dificuldades, resultou na quase inviabilidade do funcionamento da terceira maior urna da UFRJ.

Para nós do Movimento Quem Vem Com Tudo Não Cansa, as eleições para o DCE não podem se reduzir a um mero gesto de marcar um X numa cédula e depositá-la numa urna. Pelo contrário, elas devem refletir um profundo debate no conjunto dos estudantes onde as propostas apareçam e sejam confrontadas, deixando transparecer claramente as diferenças de concepção de movimento estudantil e sem que se refute o debate qualificado.

Nosso movimento, então representado pela chapa 4, apesar de todas as limitações decorrentes de ser a menor dentre as chapas concorrentes e fruto de um trabalho mais recente na UFRJ, pautou com qualidade uma linha política expressa em um programa coerente e sobrevindo de experiências de lutas reais. Não nos restringimos a apenas nos proclamar uma chapa antigovernista, mas evidenciamos que a luta contra a precarização da Universidade nos moldes traçados pela Reforma Universitária do governo deve ser travada no dia-a-dia dos estudantes e não no mundo das ideias descoladas do nosso cotidiano. Além disso, fomos a única chapa que afirmou a importância da ruptura definitiva com a UNE, entidade estudantil falida, fábrica de carteirinhas, que recebe milhões de reais do governo federal e que não esteve presente em nenhuma luta por uma educação pública, gratuita e de qualidade.

Consideramos importante que a chapa de apoio ao governo, a chapa da UNE, não tenha saído vitoriosa no processo. Mas apesar disso, identificamos fraternamente que a chapa que a quatro anos está na gestão do DCE não tem dado conta de romper com o imobilismo que impede que se construa um movimento estudantil que vá para a ofensiva com um projeto próprio, construído na base dos estudantes.

Por último, nós do Movimento Quem Vem Com Tudo Não Cansa convidamos a todos aqueles identificados com um movimento estudantil combativo para que venham construir conosco através das lutas do dia-a-dia uma resposta a precarização e a privatização da educação pública!

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