Nós, do Movimento Quem Vem Com Tudo Não Cansa, que
disputamos as eleições para o DCE Mário Prata nesse ano de 2011 sob a chapa 4,
avaliamos que mais uma vez o processo eleitoral na UFRJ foi marcado por uma
profunda despolitização. O enorme esforço feito pelas forças políticas em
evitar o debate necessário e fundamental para o avanço qualitativo do movimento
estudantil não só na nossa universidade mas também para a sua contribuição no
cenário nacional, se refletiu novamente, a exemplo das eleições passadas, numa
polarização superficial entre duas chapas que não refletiu um debate mais
profundo acerca de concepção de movimento estudantil.
Nesse cenário de despolitização do debate,
prevaleceu o discurso do voto útil, onde as duas maiores chapas chamavam voto
para si sob alegação de impedir a vitória da outra. Nosso movimento recusa a
validade desse tipo de argumento que, acima de tudo, impede que coloquemos o
movimento estudantil da UFRJ num outro patamar, onde nossas reais questões e
reivindicações ganhem peso significativo a partir da incorporação política da
maior parte possível do conjunto dos estudantes e que possamos assim enfrentar
governo e reitoria que protagonizam a precarização da nossa universidade.
Lembramos também dificuldades no processo eleitoral
surgiram antes mesmo do seu início, quando do atropelo da marcação do
calendário eleitoral. Situação essa que, dentre outras dificuldades, resultou
na quase inviabilidade do funcionamento da terceira maior urna da UFRJ.
Para nós do Movimento Quem Vem Com Tudo Não Cansa,
as eleições para o DCE não podem se reduzir a um mero gesto de marcar um X numa
cédula e depositá-la numa urna. Pelo contrário, elas devem refletir um profundo
debate no conjunto dos estudantes onde as propostas apareçam e sejam
confrontadas, deixando transparecer claramente as diferenças de concepção de
movimento estudantil e sem que se refute o debate qualificado.
Nosso movimento, então representado pela chapa 4,
apesar de todas as limitações decorrentes de ser a menor dentre as chapas
concorrentes e fruto de um trabalho mais recente na UFRJ, pautou com qualidade
uma linha política expressa em um programa coerente e sobrevindo de
experiências de lutas reais. Não nos restringimos a apenas nos proclamar uma
chapa antigovernista, mas evidenciamos que a luta contra a precarização da
Universidade nos moldes traçados pela Reforma Universitária do governo deve ser
travada no dia-a-dia dos estudantes e não no mundo das ideias descoladas do
nosso cotidiano. Além disso, fomos a única chapa que afirmou a importância da
ruptura definitiva com a UNE, entidade estudantil falida, fábrica de
carteirinhas, que recebe milhões de reais do governo federal e que não esteve
presente em nenhuma luta por uma educação pública, gratuita e de qualidade.
Consideramos importante que a chapa de apoio ao
governo, a chapa da UNE, não tenha saído vitoriosa no processo. Mas apesar
disso, identificamos fraternamente que a chapa que a quatro anos está na gestão
do DCE não tem dado conta de romper com o imobilismo que impede que se construa
um movimento estudantil que vá para a ofensiva com um projeto próprio,
construído na base dos estudantes.
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