terça-feira, 14 de dezembro de 2010

As opressões e o atual período histórico

Nota pública da Executiva Nacional de Estudantes de Educação Física

Discutir opressões significa discutir as relações no interior da sociedade capitalista, de modo que possamos compreender a exploração excessiva de alguns setores da sociedade. Para isso, precisamos ter em vista um debate de divisão de classes e de origem do Estado.

No dia a dia, a classe trabalhadora, principalmente os grupos de negros, mulheres e homossexuais, passa por diversas situações de humilhação, constrangimento e exploração, situações tais que trazem a reflexão do porque isso ocorre.

Muitas mulheres passam por situação como dupla ou tripla jornada de trabalho, fora e no interior do lar; o direito ao aborto não é assegurado pelo Estado, trazendo um grande índice de mortandade e doenças graves entre as mulheres proletárias que tentam o aborto em clínicas de fundo de quintal; a licença maternidade é insuficiente tendo isenção fiscal as empresas que aumentam esse tempo por até seis meses, aumentando lucros da empresa, além disso, coloca em risco o emprego das mulheres na volta da licença maternidade, ou seja, tal licença também virou mercadoria. Vários casos de violência a mulher são cada vez mais relatados, os próprios maridos assassinam suas esposas. Os salários das mulheres, mesmo ocupando mesmos cargos que os homens, ainda é menos e durante a crise econômica o maior índice de desemprego recai sobre mulheres.

Os homossexuais sofrem agressões no seu dia a dia, não sendo aceito em empregos, sendo humilhados pelo machismo da sociedade com diversas piadas e atitudes extremas de violência física. Os transexuais não têm atendimento clínico adequado e a sociedade o afasta em todos os sentidos.

Os negros e negras sofrem com repressões policiais constantes, olhares enviesados em lojas e restaurantes. Em sua maioria não ocupam os cargos mais altos de empregos, São maioria entre o número de pobres, sem acesso adequado a educação, saúde e moradia, pelo processo histórico de escravização dos povos africanos.

Todas essas opressões são necessárias para a manutenção do Estado capitalista. Inclusive sabemos que o Estado, na estrutura atual, se origina sobre os pilares anteriores a ele, como a dominação do trabalho manual pelo intelectual, a exploração da mulher no lar como um ser reprodutor, a exploração do homem pelo homem, ou seja, para entendermos as relações de opressões na atual conjuntura é central a análise em torno da categoria Trabalho.

Para isso precisamos analisar a partir das tribos primitivas, onde existia uma divisão social do trabalho, mas sem distinção de sexo, e os filhos da tribo cresciam em meio ao trabalho da mesma, tendo a clareza de como funcionava a sociedade, o que se difere dos dias atuais, onde os meios de produção engolem os trabalhadores e as escolas não trazem à tona a noção mais elaborada de sociedade.

A família, perpassando por diversas formas e chegando aos moldes atuais, ou seja, a família monogâmica de direito a herança, se cria assim, sob a necessidade do controle de riquezas para determinado grupo de pessoas pertencentes ao mesmo gene paterno, criando a necessidade, qualitativamente diferenciada das tribos primitivas, do conhecimento do pai e da fidelidade da mulher, já que é um ser reprodutor. Assim cai o direito materno e vigora o direito a herança. Dá-se a criação ao longo desse processo a propriedade privada, que fortalece a exploração do homem pelo homem e da mulher pelo homem.

O Estado então, segundo Lênin, é um produto do antagonismo inconciliável de classe, já que para a existência do mesmo e a manutenção da sua estrutura, se faz necessária a exploração de muitos para a riqueza de poucos, e a opressão de muitos pela liberdade do comércio.

Entende-se, então, a opressão das minorias como a necessidade do Estado manter a família e a propriedade privada, para gerar riquezas, mais valia e lucros, ou seja, no interior do sistema capitalista as opressões são imprescindíveis. Nesse sentido, só serão superadas com a abolição dessa estrutura, porém não de forma mecânica, faz-se necessária a discussão sobre o combate às opressões ainda no sistema capitalista para que criemos desde já a consciência do novo homem.

Justamente por isso, as lutas contra as opressões precisam ser inseridas na conjuntura, na concreticidade da luta de classes. Para a luta contra as opressões ser consequente, passa, hoje, pelo necessário combate às reformas neoliberais do governo Lula/PT. As reformas que retiram direitos dos trabalhadores atingem, sem dúvida, de forma ainda mais violenta, as minorias. É precisamente a ausência de políticas públicas para saúde, educação, transporte, moradia e trabalho que impõe às minorias duplas ou triplas jornadas de trabalho. Diante de tantos elementos para denúncia da política opressora de Lula/PT, é obrigação da esquerda imprimir um caráter abertamente anti-governista aos atos de combate as opressões.

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