sábado, 26 de junho de 2010

Revida, Minerva! Texto de apoio do Professor Ricardo Kubrusly

Revida, Minerva!

(texto de apoio à Chapa 4 nas eleições do DCE de 2010)
Prof . Ricardo Kubrusly


Quando a manhã, vestida em seu robe de açafrão, derramava luzes sobre a terra, Zeus convocou os deuses para o conselho no mais alto dos picos das escarpas do Olimpo. Ele falava e todos escutavam com atenção. Ordenou aos deuses, seus comandados, que se mantivessem imparciais perante a contenda que se avizinhava. Que não ajudassem nem gregos nem troianos, que os guerreiros fossem deixados à própria sorte. Lembrou, severamente, que não estava, ali, para brincadeiras e que destruiria sem dó qualquer um que se lhe atravancasse os desejos. Riu dos deuses e para demonstrar sua superioridade, amarrou-se a uma imensa corrente de ouro lançando-a do céu à terra e profetizou: Se todos vocês, deuses e deusas, com todos os seus poderes e juntos e com todas as forças que houverem, puxarem a corrente de ouro, não moverão Zeus dos céus de onde comanda os acontecimentos, mas se eu a puxar, sem muito esforço, moverei terra e mar, lançando-os a todos por sobre algum monte do Olimpo onde permanecerão vagando, deuses e deusas desesperados, perdidos no firmamento. Todos se calaram obedientes, mas Minerva, com a coragem típica das filhas inquietas suplicou-lhe que a deixasse, pelo menos diminuir o sofrimento dos aqueus para que eles não padecessem totalmente. Zeus sorriu terno e virando-se, partiu em sua carruagem de fogos e ouros, embrenhando-se nos emaranhados do infinito.

No calor das inúmeras batalhas, Zeus compadecido pela intervenção da filha rebelde, impertinente, faz vista grossa e permite aos seus deuses e deusas, que se alinhem e ajam conforme suas convicções. Apolo, desviando as flechas dos seteiros contra Heitor, possibilita que este encurrale os guerreiros aqueus de volta as suas naus. O fim das batalhas parecia próximo quando o próprio Zeus, por interferência de Minerva, anoitece, repentinamente, um dia ainda claro, impossibilitando a estocada final, e fazendo recuar, desta maneira, os troianos de volta ao interior de suas muralhas.

As batalhas prosseguirão por muitos e muitos cantos, mas é neste canto oito que muitas verdades da Ilíada são reveladas e que, pela primeira vez, o desfecho, que todos conhecemos, da maneira saborosa como conhecemos os clássicos, sempre a relê-los, mesmo quando não os lemos, é anunciado.

Aqui, de outra maneira, nessas ilhas aterradas e atreladas a um passado sem vitórias, nessa grécia alguma, a justiça dos deuses e a bravura dos guerreiros deram lugar ao patético troca-troca de favores entre os que já nem fingem mais lutar, com suas bravatas e obediência cega aos ditames, sem metáforas ou delicadeza, do mercado financeiro e seus bonecos falantes. Aqui Minerva é uma estampa nos timbrados onde as vergonhas são oficialmente transmitidas. Perdeu sua petulância questionadora e, de filha rebelde, capaz de ponderar os delírios onipotentes de um Zeus enfurecido, passa a carimbo, borrando sem jeito a consagração conspiratória dos que já nem
deuses nem honrados.

Revida, Minerva, que se posiciona contrária a UNE e reivindica a necessidade de uma nova organização estudantil.
Revida, Minerva, contra o REUNI e seus silêncios paralisantes e privatizantes.
Revida, Minerva, pelo acesso universal e cotas sociais com criação de vagas e ampliação dos cursos, com bandejão, bolsa e alojamento.
Revida, Minerva, pela participação efetiva dos estudantes em um movimento feito pelas bases.
Revida, Minerva, pelo direito de sonhar um mundo melhor e lutar pelos seus sonhos e romper com os silêncios cansados e atravessar.
ideias e inventar novos caminhos e experimentar destinos.

Revida, Minerva, que tua memória exige um futuro de luta e sabedoria, longe das odes metálicas e do mundo do petróleo. Afinal, a corrente era de vidro. Céus e terra nunca existiram. O ouro tilintava nos braços dos homens superiores com suas bravatas digitais. E nós, sem armas ou causas, tramando um confronto virtual em vidas supérfluas e desnecessárias ainda fingimos ser nossa essa Minerva universitária que já não mais nos guia. Guardamos sua estampa, perdemos sua rebeldia e contestação. Os decretos se amontoam e os retrocessos avançam. Já não temos planos... Revida, Minerva !!!!!!!



Nas eleições vote na chapa Revida, Minerva 4

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