quinta-feira, 14 de maio de 2009

Violência no Fundão gera protesto na UFRJ*

*14/05/2009
Joana Martins (Folha Dirigida)


Um caso anunciado. O assassinato de Ubiraci dos Santos, cobrador de ônibus, na última quinta-feira, dia 7, na Ilha do Fundão, foi encarada por integrantes da comunidade acadêmica da instituição como o desdobramento de um problema que, há muito tempo, aflige o campus principal da maior universidade federal do estado: a insegurança. No dia seguinte, o Conselho de Minerva da instituição, composto porprofessores e ex-alunos da universidade, divulgou uma carta cobrando a realização do concurso para a contratação de vigilantes para o local. Atualmente, o serviço, terceirizado, não consegue dar conta da extensão do campus.

Para tentar diminuir as ocorrências, a prefeitura do campus garante realizar várias ações, dentre eles rondas feitas por vigilantes da instituição em seis carros e a presença da Polícia Militar. No entanto, de acordo com a estudante de Comunicação Social Leila Leal, os esforços têm sido em vão. "Esse já é um problema antigo e que, de um tempo para cá, vem ocorrendo com mais freqüência e de forma mais grave. Os casos de sequestros-relâmpago nos estacionamentos também são reincidentes. Na verdade, verificamos que temos um problema crônico de falta de segurança", diz.

A estudante afirmou, ainda, que desde o governo Fernando Henrique Cardoso há uma política de corte nos concursos para os cargos de limpeza e segurança. "O quadro de pessoal nessas funções é extremamente insuficiente. Por isso, tem que ser feito um plano de segurança para o Fundão, que deve ser defendido e atendido pela reitoria e o governo federal. Não adianta apenas colocarmos a Polícia Militar no campus", critica.

Outro ponto ressaltado pela estudante é que a própria estrutura do Fundão deve ser alterada. Segundo Leila, é preciso iluminação e mais opções de transporte. "Não adianta o reitor querer trazer os cursos da Praia vermelha para cá, sem ter como dar suporte a esses alunos", menciona a aluna.

O prefeito da cidade universitária, Hélio de Mattos, reconhece que o campus do Fundão, assim como qualquer outro ponto da cidade, sofre com a falta de segurança. "A violência não é da UFRJ. O estado como um todo é violento. No Fundão, circulam 65 mil pessoas, temos 35 mil veículos nos estacionamentos. E mesmo assim, o campus não é tão violento como as ruas desta cidade, nossos índices não são tão ruins", defende-se.

Hélio, porém, reconhece que há um déficit no quadro de vigilantes. Segundo ele, o Ministério do Planejamento não abre concurso para esta área há muito tempo. "Apesar disso, a Polícia Militar vem reforçando o policiamento desde março e, por conta disso, os quatro assaltantes do ônibus já foram presos, inclusive quem matou o cobrador", esclarece, informando ainda que a universidade tem cobrado do overno concurso para a área.

"Nosso reitor já encaminhou uma carta ao Ministério do Planejamento edindo para reequipar a nossa antiga guarda universitária. São abertas vagas para todas as carreiras, menos para vigilantes. Mas nunca recebemos uma alegação oficial explicando o porquê disso", reclama.

Nenhum comentário: