sábado, 9 de maio de 2009

Quando só o radical caminha*

*Texto de apoio à chapa QUEM VEM COM TUDO NÃO CANSA
durante as eleições para o DCE Mario Prata
Professor Ricardo Kubrusly
Entre os vários tempos que a vida nos revela, todos são sempre de lutas, o que muda, o que os diferencia, é a esperança de mudanças que essas nossas lutas permanentes vislumbram. A velocidade com que caminhamos em direção a um mundo justo e coletivo, que às vezes pode até ser negativa, essa sim varia, dependendo dos tempos e da força de verdade que trazemos conosco.

Dois tempos, no entanto, se destacam em meio ao emaranhado das várias possibilidades de luta. O primeiro é quando tudo, dominado pela simulação, suas farsas e imitações de realidades, já nos parece estabelecido, feito de um futuro inexorável, imutável, inerte. O segundo é ditado pelo calor das lutas e das idéias em chamas que nos sufoca e delibera. Entre esses dois extremos o do imobilismo e o da revolta, entre a calma e o movimento, milhões de cenários intermediários sugerem, e as vezes permitem, diferentes estratégias que, umas mais outras menos, contribuem na busca, no desvelamento e na construção desse mundo possível e melhor.

O que acabamos por perceber, por meio das várias histórias que escrevemos, é que a maioria dos tempos vividos, quase sempre, são combinações dos dois tempos extremos, o da calma e o do movimento, que se alternam mas não se misturam, nos deixando mais entre as batalhas e as desilusões, estas causadas pelos momentos de inércia, do que em um emaranhado de possibilidades e nuanças sociais no qual várias estratégias se apresentariam como possíveis.

As histórias que escrevemos, quando lidas, também nos ensinam o que existe de semelhante entre esses dois tempos de extremos; é que tanto no conflito deflagrado quanto na depressão alienada, só o radical caminha. É da força gerada por convicções e sonhos que se constrói uma caminhada radical. Há que querer mudar mais do que apenas dizer querer mudar. É quando se percebe que conciliações e conchavos com o poder estabelecido, (como os que são hoje compactuados em todas as esferas decisórias deste planeta envergonhado, pelos dirigentes de nossas instituições e pseudo-movimentos), não gera mudanças, mas sim, perpetua, agiganta e cristaliza esse mesmo poder; é quando se percebe que o novo ainda é o mesmo velho de sempre, que nossas convicções e sonhos se estabelecem e se fortalecem.

Hoje na UFRJ, e fora dela, vivemos épocas de descrenças nas instituições, no poder revolucionário das políticas e mesmo na nossa capacidade de levar a cabo mudanças sociais verdadeiras. Parece que o mundo já esta dado e que as terríveis injustiças dentro e fora dos nossos campi são imutáveis, que resta pouco, ao jovem, ao estudante, além de estudar somente, estudar calado, invisível, se conformando quieto, imóvel perante esse mundo que nos cerca injusto e previamente concebido. Sorte, dizemos sem pensar, dos que nos dominam e azar o nosso e do nosso mundo desacreditado.

Mais do que simplesmente participar das eleições estudantis que se aproximam, é hora e é preciso caminhar para uma escolha e uma participação radical. A Chapa 4 “Quem Vem Com Tudo Não Cansa”, entre as que ora se apresentam para o pleito é a única que traz nos seus estudos históricos e ações permanentes o espírito radical que necessitamos nesse momento apático. É nossa opção por mudanças verdadeiras e não podemos nos perder de nossa hora.

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