domingo, 12 de abril de 2009

Que Educação é essa?

Que Educação é essa?
Daniel Hoefle, estudante de Engenharia Química da UFRJ


Na semana passada, o MEC apresentou mais uma proposta para o bojo da Reforma Universitária – o “novo” ENEM – uma solução tabajara para o complexo problema do ingresso nas Universidades Federais. As estratégias do governo já são conhecidas: mentira e chantagem. O novo projeto é propagandeado como o “fim” do vestibular e as Federais que não aderirem terão restrições de verba (in)justamente na Assistência Estudantil (Bandejão, Alojamento, Bolsas...). Como o Movimento Estudantil já sabe, o verdadeiro fim do vestibular é o Livre Acesso ao Ensino Superior, uma bandeira histórica e democrática, onde todos os concluintes do Ensino Médio poderiam entrar em uma Federal simplesmente por quererem continuar seus estudos, sem exames.

O “novo” ENEM é essencialmente um Vestibularzão de cunho nacional, onde a desigualdade social – e de acesso à informação – ficará evidente. Um estudante de escola pública do Acre não poderá competir com um estudante da rede privada de São Paulo em pé de igualdade. O resultado será o contrário do alegado pelo Ministro Haddad. É mais fácil um estudante de escola privada do Sudeste ocupar uma vaga nas Federais do Norte do que um estudante caboclo nortista de baixa renda vir para a UFRJ.

E mais, ainda abre espaço para a privatização, já que se fala que o ENEM/Vestibularzão será operacionalizado por uma empresa privada, que visará o lucro com a empreitada. Há muito se queixa que o vestibular dá “prejuízo” para as Federais, e agora este “serviço” será entregue para a iniciativa privada.

O critério de alocação dos ingressos é ainda mais calhorda, será via Internet, prejudicando os estudantes de baixa renda e de lugares remotos. Será travada uma guerra de notas para que um estudante fique expulsando o outro da vaga na maior falta de fraternidade, e é lógico que os estudantes de maior renda, com computador em casa, banda larga e que não têm que trabalhar, com dias livres para a internet, sairão privilegiados por este sistema digital.

As Universidades Federais não estão se tornando mais populares, parafraseando um slogan da governista UNE: “O filho do pedreiro vai poder virar Doutor”. Então é isso, a Educação Pública é renegada para uma próxima geração, o sistema perverso atual impede o analfabeto em si de estudar até chegar à Universidade, a função do analfabeto é animal, é procriar, é carregar peso, é desumanizado.

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