A Reitoria da UFRJ segue disposta a passar o rodo em relação à implementação do REUNI na Universidade. O Plano Diretor é a materialização de uma transformação do papel social do Ensino Superior, visando adequá-lo aos interesses da divisão do trabalho internacional, principalmente em tempos de crise econômica.
O Governo Lula/PT impôs o REUNI e usou chantagens para aplicar esse projeto. O mesmo acontece na relação entre a Reitoria de Aloisio Teixeira e as diversas Unidades da UFRJ, que têm recebido ofertas para aceitar sua transferência para a "nova" Cidade Universitária, na Ilha do Fundão.
Os estudantes, funcionários e professores que defendem a Educação Pública precisam discutir o que significa esse Plano Diretor faraônico apresentado pelo Comitê Técnico nas salas de aula, reuniões de Departamento e Congregações, NEGANDO as propostas e a pressa através da qual a Reitoria pretende sucatear a UFRJ.
Conforme segue na matéria abaixo, a Faculdade de Educação pretende com pouquíssima discussão entre a comunidade acadêmica deliberar sobre a sua transferência para o Fundão na próxima terça-feira, 31 de março, às 9h, durante a Congregação. Precisamos dizer NÃO à transferência pro Fundão, não por conta exclusivamente de um reordenamento espacial, mas devido ao caráter político-pedagógico que está submetido ao REUNI de Lula/PT.
PLANO DIRETOR SERÁ APRESENTADO EM ABRIL AO CONSUNI
Reunidos, na última segunda à tarde (23/3), o Comitê Técnico do Plano Diretor UFRJ 2020 (CTPD) decidiu remarcar para nove de abril a apresentação do PD ao Conselho Universitário (Consuni).
O pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento (PR1), Carlos Levi, explicou que a pauta do Conselho desta quinta (26/3) encontra-se carregada de inúmeros temas, o que prejudicaria os debates acerca do PD.
Com a nova data, os grupos de trabalho terão mais tempo para incorporar e detalhar as propostas sobre o desenvolvimento da Cidade Universitária e os Planos de Ocupação e Uso das Unidades Isoladas (POUUI) e da Praia Vermelha (POUPV).
Além disto, a busca pelo consenso e por um pacto institucional disposto a mudar o futuro da UFRJ segue em curso. Nesta terça, às 14 horas, o reitor Aloísio Teixeira encontra-se com a Congregação do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ (IFCS/UFRJ), no Largo de São Francisco, Centro do Rio.
Na quarta-feira, às 9h, o CTPD fará uma apresentação, na reitoria, aos membros da Faculdade de Educação. No plano externo à academia, o reitor Aloísio pontuou que haverá um novo encontro com a Prefeitura do Rio de Janeiro, no dia 7 de abril.
Encontros com o governador Sergio Cabral e o secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, também estão previstos. “Queremos conversar com estas autoridades sobre o Plano Diretor da UFRJ e em relação à integração dos aeroportos na busca por melhores condições de acesso à Cidade Universitária”, justifica o reitor, lembrando que os conselheiros deverão apreciar uma proposta do PD global e coerente dia nove de abril. “Há recursos que precisão ser aplicados na universidade ainda este ano, portanto os pontos de consenso, aprovados pelo Conselho, deverão ter investimentos imediatos”.
FACULDADE DE EDUCAÇÃO DECIDE O FUTURO
A Congregação da Faculdade de Educação da UFRJ vai definir, no próximo dia 31, às 9h, se a unidade vai transferir suas instalações para a Cidade Universitária. A diretora Ana Maria Monteiro da Costa e alguns professores da Faculdade estiveram no último dia 25 reunidos com o reitor Aloisio Teixeira e alguns integrantes do Comitê Técnico do Plano Diretor UFRJ 2020 (CTPD) para conhecer as propostas preliminares para discussão do Plano de Desenvolvimento da Cidade Universitária e alguns pontos do relatório final do Plano de Ocupação e Uso da Praia Vermelha.
Não houve, entre os docentes nenhuma voz veemente levantada contra a idéia da transferência. No entanto, a diretora colocou algumas ponderações. “Nós não discutimos a ida para a Cidade Universitária, pois nós já estamos lá. Mas temos dois temores: o de que o espaço destinado a nossas instalações seja aquém das nossas necessidades e o que será feito com o espaço desocupado na Praia Vermelha, local por que temos grande carinho”, disse.
Segundo Ana Maria, a transferência será benéfica para a Faculdade, já que muitos professores já atuam em diversas outras unidades instaladas na Cidade Universitária. “Está mais do que na hora de a UFRJ dar a devida atenção à formação dos professores. Do jeito que está hoje, na há coesão na formação deles”, avaliou.
O reitor Aloisio Teixeira concordou. “É animadora esta conversa, não pelo Plano Diretor, mas pelo que ela representa para o futuro da Faculdade de Educação. Durante anos, ela não teve um projeto. Para mim, o papel da unidade é central nesta universidade e cabe a vocês (professores da unidade) decidir como isto vai ser feito”, afirmou.
A única voz dissonante foi a do movimento estudantil, que se manifestou contra a transferência e o que considerou a “ameaça da entrada da iniciativa privada na Praia Vermelha”, em referência à proposta de construção de um centro de convenções onde hoje está localizado o campo de futebol da unidade e uma possível gestão por parte de instituições parcerias.
O reitor rebateu o ataque. “O Brasil não tem hoje um centro de convenções. A criação de um espaço como este da universidade, entre outras coisas, traria receita para a universidade. Mas, dificilmente, teríamos condições de realizar e gerenciar isto sozinhos. O fato de termos parceiros privados para viabilizar esta iniciativa não significa de forma alguma a privatização do espaço público, pelo contrário”, defendeu.
O pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento, Carlos Antônio Levi, propôs a criação de um grupo de trabalho integrado por alguns dos presentes no sentido de debater soluções para a área da Educação dentro do Plano Diretor.
Entre as propostas, estariam a criação de um Centro de Ensino a Distância, bibliotecas e demais expansões acadêmicas da Faculdade de Letras. O novo GT, integrado ao Comitê Técnico do Plano Diretor, iniciará as atividades após a realização da Congregação.
IFCS DECIDE CONTINUAR NO CENTRO DO RIO
Por dezesseis votos a oito, a Congregação do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ (IFCS/UFRJ) decidiu que permanecerá no Largo de São Francisco, Centro do Rio. A votação aconteceu, no final da tarde desta terça-feira (24/3), após duas horas de debates entre os departamentos e as representações discentes e dos servidores técnico-administrativos. Antes do pleito, o reitor Aloísio Teixeira esteve na unidade e, após explicar os conceitos do Plano Diretor (PD) UFRJ 2020, retirou-se para deixar os membros da congregação à vontade para deliberarem internamente.
“Ninguém será forçado a estar em um lugar que não deseja”, frisou o reitor, esclarecendo que o PD não se trata de um plano de obras ou de um empreendimento imobiliário. “Estamos discutindo a universidade dentro de um horizonte de dez anos. Atualmente, temos uma precária estrutura administrativa e uma instituição incapaz de responder aos desafios contemporâneos”, criticou o reitor, pontuando a necessidade de se integrar as áreas de conhecimento e atender a demanda social pelo acesso ao Ensino Superior no Brasil. “Ainda é pouco os 35 mil alunos de Graduação e os oito mil de Pós da UFRJ. Precisamos fazer muito mais para mudar uma realidade em que apenas 13% dos jovens, entre 18 e 24 anos, encontram-se dentro de uma universidade, enquanto há países na América do Sul que registram índices de 32%”.
O reitor Aloísio ainda enfatizou que o PD não abrirá mão de conquistas históricas da UFRJ como o seu caráter público e democrático. “Somos a casa da liberdade de expressão e esta Congregação é soberana para decidir. Uma possível transferência à Ilha da Cidade Universitária pode ocorrer do jeito que vocês quiserem. Não se trata apenas de sim ou não, o importante é que vocês apontem a necessidade deste instituto dentro de um processo de expansão”, ponderou o reitor, pedindo que se evitasse a “ideologização” do debate acerca de propostas como a reordenação espacial dos órgãos administrativos e acadêmicos. “Precisamos avançar dentro de um ambiente de paciência e tolerância. O futuro é incerto, ainda mais diante de um cenário de crise, mas somente há uma maneira deste plano dar certo é brigarmos juntos”.
Após discursar por uma hora, o reitor Aloísio deixou a Congregação. Na pauta do colegiado, a mudança do IFCS para a Ilha da Cidade Universitária que acabou rechaçada pelos departamentos de Antropologia, Sociologia, Filosofia e ainda pelas representações discentes e dos servidores. Favoráveis à transferência, a História, maior departamento do IFCS, e os estudantes da Pós-graduação de Lógica e Metafísica. Já o Departamento de Ciência Política absteve-se na votação.
“O processo não se esgota aqui, a nossa próxima reunião debaterá sobre a reocupação deste espaço”, explicou a diretora do IFCS, Jessie Jane, lembrando que será redigido um documento a ser entregue a Reitoria justificando a posição majoritária da Congregação.
Apesar da maioria da Congregação reconhecer o mérito e a ousadia do PD, os argumentos contrários a uma eventual transferência a Ilha da Cidade Universitária amontoaram-se ao longo do pleito. O Centro Acadêmico de História chegou a acusar o PD de ser a “operacionalização do Reuni do governo Federal”. Já a Sociologia alegou que o IFCS detém relações externas ao seu entorno que ficariam prejudicadas com uma eventual mudança e que as melhores condições de acesso ao Centro propiciam que muitos alunos optem pelo programa de Pós-graduação do curso, em vez, por exemplo, do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro.
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